Património Cultural
Artigos
Apresentam-se vários artigos sobre a história das várias instituições que constituem actualmente o CHULC.
Nota Histórica
Em 1492 foi lançada no Rossio de Lisboa a primeira pedra do Real Hospital de Todos-os-Santos.
Estávamos no reinado de D. João II, tendo o hospital sido inaugurado por D. Manuel I em 1504. Como consequência do terramoto de 1755 o hospital é transferido para o antigo Convento de Stº Antão, denominando-se agora Real Hospital de S. José. Tendo agregado a si os hospitais do Desterro, Arroios e D. Estefânia, passou o grupo a ser conhecido por Real Hospital de S. José e Annexos. Mais tarde juntaram-se-lhes os de Stª Marta, Curry Cabral (Rego) e Stº António dos Capuchos, este só em 1928, mas, com a República, a partir de 1913, o conjunto adquire o nome Hospitais Civis de Lisboa, dos quais é herdeiro o actual Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central – EPE.
Tendo atrás de si uma história com mais de cinco séculos, o Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, EPE, constituído pelos hospitais de São José, Stº António dos Capuchos, Stª Marta e D. Estefânia, é detentor de um riquíssimo património cultural, quer móvel, quer imóvel. No que diz respeito a este último recordamos que os três primeiros hospitais foram instalados em antigos conventos que foram secularizados, o de São José pela expulsão dos jesuítas ordenada pelo Marquês de Pombal (1759) e os dois restantes pela extinção das ordens religiosas decretadas por D. Pedro IV em 1834. Tratava-se de conventos ricos, cada um deles com a sua igreja aberta ao culto e primando pela magnificência dos painéis de azulejos pintados pelos mais renomados artistas da época recobrindo quer as paredes dos templos (Capuchos e Stª. Marta) quer as das áreas sociais nobres (São José e Capuchos). Esta decoração atingiu o seu máximo esplendor no século XVIII, sendo os exemplares dos nossos hospitais dos mais belos da capital. Na igreja de Santa Marta (desactivada e em muito mau estado de conservação) há azulejos mais antigos, do século XVII, que também se podem encontrar num frontal de altar junto ao sóbrio claustro conventual. Todo este conjunto de uma arte tão portuguesa atravessou vários séculos e, apesar de certas áreas muito deterioradas (igreja de Stª. Marta), mantém até aos nossos dias a grandiosidade original. A maior parte deste património azulejar está em áreas de acesso público.
Fora da construção conventual e religiosa há um importante núcleo de azulejaria do século XVIII no Palácio Mello (Capuchos) parte do qual em zona pública (escadaria do Serviço de Oftalmologia) e o restante de acesso restrito, uma vez que se encontra numa enfermaria do Serviço de Cirurgia.
O Hospital de D. Estefânia, hoje muito modificado em relação à sua traça original, foi, de todo o conjunto, o único construído de raiz para assistência aos doentes, tendo ocupado terrenos cedidos pela Casa Real. Edificado para corresponder a um desejo da infeliz rainha D. Estefânia, cujo marido, D. Pedro V, pouco lhe sobreviveu, foi inaugurado em 1877 por D. Luiz sob traça do arquitecto da Casa Real inglesa Albert J. Humbert. Merecem visita a Capela e o fontanário, antigamente colocado no claustro do edifício e, actualmente, no jardim fronteiro ao edifício.
Ainda dentro do património imóvel de grande valor arquitectónico e histórico, referimos apenas como exemplo a Capela do Hospital de São José, que na sua semi-obscuridade transmite um intenso misticismo, e que não é mais do que a antiga sacristia da igreja do Colégio de Santo Antão arrasada pelo terramoto de 1755, e a igreja maneirista de Santo António dos Capuchos também ela ricamente decorada com azulejos do século XVIII.
O património móvel dos nossos hospitais, que detiveram durante séculos uma posição fulcral no ensino clínico em Portugal, é, como dissemos, riquíssimo e em parte pode ser visitado pelo público, o que tem acontecido com instituições várias mediante prévia marcação. A sua extensão só nos permite registar aqui alguns exemplos.
Embora haja material espalhado por espaços livres dos diferentes hospitais, tem-se procurado nos últimos anos criar núcleos museológicos onde as peças possam ser não só mais facilmente estudadas mas também mais acessíveis ao público e mais bem preservadas.
Registe-se, ainda, um Arquivo Fotográfico em vias de organização pela Comissão do Património Cultural, contendo centenas de fotografias, as mais antigas dos finais do século XIX e um Núcleo Iconográfico do Hospital de D. Estefânia vocacionado para o ensino mas sendo também detentor de um arquivo fotográfico daquele hospital.
Luiz Damas Mora (1936 – 2022)
Presidente da Comissão do Património Cultural do CHULC
Façamos agora, através das imagens que se seguem, uma breve visita ao património cultural dos quatro hospitais, a que alguém chamou “um tesouro esquecido e ameaçado”…
Património Cultural Classificado
Os hospitais de São José, Santo António dos Capuchos e Santa Marta possuem diverso património imóvel classificado, a cuja inventariação se tem vindo a proceder.
Hospital de São José
Antiga Sacristia da Igreja de Santo Antão-o-Novo
- classificada como monumento nacional – Decreto nº 22:502 do Ministério da Instrução Publica, Direcção Geral do Ensino Superior e das Belas Artes, de 10 Maio de 1933
Edifício principal do Hospital de São José, antigo Colégio de Santo Antão-o-Novo
- classificado como imóvel de interesse público -Dec nº 8/83 de 24 Janeiro.
Hospital de Santa Marta
Antiga Igreja do Convento de Santa Marta
- classificada como imóvel de interesse público – Decreto nº 35:532 do Ministério da Educação Nacional, Direcção Geral do Ensino Superior e das Belas Artes, de 15 Março de 1933
Hospital de Santo António dos Capuchos
Antiga Igreja do Convento dos Capuchos, bem como a boca da cisterna revestida a azulejo existente num dos pátios do Hospital e ainda todas as dependências decoradas com lambrins de azulejo, incluindo o claustro e a escadaria nobre
- classificados como imóveis de interesse público – Decreto do Governo nº 1/86 de 3 de Janeiro, Ministério da Cultura, Instituto Português do Património Cultural.
Gabinete do Património Cultural
Presidente: Paulo Espiga
Missão:
O Gabinete tem como missão a salvaguarda, o estudo, a valorização, a promoção e a divulgação de bens materiais móveis e imóveis que, pelo seu valor histórico, cultural, artístico, científico, social e técnico, integrem o património histórico-cultural do CHULC.EPE
Contactos:
Telefone: 21 351 44 10
Email: visitas.patrimonio@chlc.min-saude.pt
As visitas guiadas ao Património do Hospital de São José, Hospital de Santo António dos Capuchos e Hospital de Santa Marta realizam-se todos os meses, sendo oportunamente anunciadas na página oficial de Facebook do CHULC e no seu sítio do centro hospitalar.
Mais informações contacte-nos pelo endereço de email disponibilizado.
Coleções
Artigos
Edições
Os livros podem ser adquiridos na Biblioteca do Hospital de S. José, entre as 9h e as 18h.
Para mais informações contactar:
Tele: 21 884 12 80
Email: sec.biblioteca1@chlc.min-saude.pt
Mulheres da Colina de Sant’Ana
Autores: Célia Pilão, Bárbara Assis Pacheco e Rosa Romão
Data: 2017
Impressão: Ligrate, Atelier Gráfico, Lda
Esgotado
Pecados à Flor da Pele
Autores: Célia Pilão, Rosa Reis e Sandra Tacão
Data: 2015
Esgotado
Roteiros do Património – Hospital de Santa Marta
Autor: António Matoso
Impressão: Printipo, Lda.
Data: 2014
Esgotado
Roteiros do Património – Hospital de Santo António dos Capuchos
Autor: António Matoso
Impressão: Printipo, Lda.
Data: 2012
Esgotado
Roteiros do Património – Hospital de S. José
Autor: António Matoso
Impressão: Printipo, Lda.
Data: 2011
Esgotado
O “Espírito dos Hospitais Civis de Lisboa”, Episódios da Vida Médica
Coordenação: Luíz Damas Mora
Editora: By the Book, Edições Especiais, Lda.
Data: 2013
Preço: 25€
Omnia Santorum, História das Histórias do Hospital de Todos-os-Santos e seus sucessores
Coordenação: Jorge Penedo
Editora: By the Book, Edições Especiais, Lda.
Data: 2012
Preço: 40€
Subsídios para a História dos Hospitais Civis de Lisboa e da Medicina Portuguesa (1948-1990)
Autor: José Leone
Editora: Comissão Organizadora do V Centenário da Fundação do Hospital Real de Todos-os-Santos
Data: 1993
Preço: 12€
Iniciativas
A Comissão do Património Cultural tem vindo a promover diversas iniciativas de divulgação junto da comunidade clínica e da sociedade civil.
O património cultural do CHULC tem sido divulgado através de iniciativas como:
- Colóquios do Património
- Jornadas Europeias do Património
- Dia Internacional de Monumentos e Sítios
- Jornadas Antonianas
- Seminários
- Visitas Guiadas
- Reportagens e programas de televisão
Visitas guiadas entre 2012 e 2022
Entre 2012 e 2022 foram efectuadas 734 visitas ao Património Cultural do CHULC, guiadas por Célia Pilão até meados de 2019 e, posteriormente, por Carlos Boavida e Fátima Palmeiro, que envolveram 14691 participantes. As visitas realizaram-se em dias úteis, fins-de-semana e feriados e tiveram uma duração média de 3 horas.
Programa Visita Guiada de Paula Moura Pinheiro à Aula da Esfera do dia 11 Novembro de 2014 na RTP2
Filme “O Ego de Egas”, exibido na RTP a 31 de Dezembro de 2020
Documentário “A Arte da Cura” (RTP 2)
Série televisiva “Cavalos de Corrida” (RTP)
Arquivo Fotográfico do CHULC
“Tudo neste mundo – pessoas, edifícios, objectos e, até, ideologias – é finito, mas conservar a sua memória é obrigação de todos nós.”
Luiz Damas Mora
Presidente do Gabinete do Património Cultural
Parceiros e Projetos
Considerada a inventariação como a prioridade máxima para a salvaguarda do património cultural hospitalar e tendo presente que o CHLC não possuía profissionais qualificados para proceder à inventariação deste tipo de património, foram estabelecidas parcerias com a Universidade de Lisboa através da celebração de protocolos de cooperação.